segunda-feira, 24 de novembro de 2008

(27/11) Quando a teoria bate à porta da prática/ Encontro XXIX

O curso me propiciou o encontro e o reencontro com a pesquisa e a leitura de forma mais intensiva. O estudo dos módulos 1, 2 e 3 da área específica desencadeou em mim a necessidade de rever o meu olhar sobre o ensino da Língua Portuguesa, seja no que se refere ao ensino da norma padrão em face das variedades e da mudança lingüística, seja no que se refere ao trabalho com a leitura e a produção de textos. O resultado é que agora só acredito na utilidade da minha aula se o conhecimento construído estiver diretamente ligado ao caráter sociopragmático da língua. Em outras palavras, o ensino de uma regra, a leitura de um texto e a produção textual necessariamente têm de estar relacionados com o uso real da língua. Ao solicitar que o aluno escreva, por exemplo, procuro enfatizar a situação sociocomunicativa que envolve essa produção: seus interlocutores, sua intencionalidade, seu contexto histórico ou social, sua função social, etc.
O estudo do Módulo II foi enriquecedor. Ficou claro que ensinar a língua é, principalmente, investir em práticas pedagógicas que reiterem o seu aspecto sociopragmático. Segundo BORTONE (2008),o professor deve buscar nas novas teorias uma metodologia que possibilite o desenvolvimento da competência interacional dos alunos (tanto na escrita quanto na modalidade oral) para que eles possam fazer uso da língua com competência comunicativa. Sendo assim, não faz mais sentido o ensino exclusivamente metalingüístico voltado para o aprendizado das regras da gramática normativa. É fundamental que o professor saiba trabalhar com atividades e pesquisas que levem a turma a perceber a funcionalidade dos mais variados usos da língua em seus mais variados contextos.
A partir do momento em que o professor passa a trabalhar a norma padrão vinculada a situações reais de uso, o ensino da língua passa a privilegiar a inserção, de forma autônoma e consciente, de indivíduos na cultura letrada e, além disso, torna-os capazes de ampliar a sua capacidade de monitoramento da língua de acordo com as exigências de cada situação discursiva ou conforme as suas intenções. Nesse contexto, as aulas deixam de ser a mera e monótona reprodução de normas gramaticais e tranformam-se em um democrático ambiente onde " a gramática da norma padrão precisa ser ensinada de uma maneira reflexiva e inserida em contextos discursivos para, dessa forma, possibilitar ao aluno o domínio desta norma e, assim, poder monitorar seu estilo de fala" (BORTONE, 2008: 29).

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